terça-feira, 27 de maio de 2014

Perfil Lipídico

O perfil lipídico é um grupo de testes que são normalmente solicitados em conjunto para determinar o risco de doença cardíaca coronária.O perfil lipídico inclui o colesterol total, o colesterol HDL (muitas vezes denominado como “bom” colesterol), o colesterol LDL (muitas vezes denominado como “mau” colesterol) e triglicerídeos. Por vezes a informação inclui valores adicionais calculados, tais como a relação colesterol/colesterol HDL, ou cálculos de risco baseados nos resultados do perfil lipídico, da idade, do sexo e de outros fatores de risco.
O perfil lipídico pode, portanto, apresentar muitas variações. Estas variações podem ser analíticas, quando relacionadas à metodologia e procedimentos utilizados pelos laboratórios, e pré-analíticas, quando relacionadas a fatores intrínsecos do indivíduo, estilo de vida, uso de medicações, doenças associadas, procedimentos de coleta e preparo da amostra. Os fatores pré-analíticos, especialmente os de origem biológica, são os principais responsáveis pela variabilidade dos resultados e encontram-se nas tabelas II e III. Observa-se, assim, que os valores nos perfis lipídicos dependem de muitos fatores, ou seja, podem encontrar-se ou tornar-se alterados facilmente.
Para observar-se um resultado de perfil lipídico mais coerente com a realidade do paciente, este, deve evitar estar sujeito às variações acima citadas, seguindo essas recomendações:
A) O perfil lipídico deverá ser realizado em indivíduos com um estado metabólico estável.
B) A dieta habitual e o peso devem ser mantidos por pelo menos duas semanas antes da realização do exame.
C) Após infarto agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vascular cerebral (AVC) a amostra do paciente deve ser obtida nas primeiras 24h ou depois de decorridas pelo menos oito semanas.
D) É importante assinalar, no entanto, que os valores obtidos em amostras de sangue colhidas nas primeiras 24h do evento isquêmico (IAM), os resultados correspondam efetivamente ao perfil lipídico do paciente. Entretanto nos demais dias da fase considerada aguda do episódio, os valores de lípides sangüíneos se mostram reduzidos, o que pode prejudicar a interpretação dos exames. Assim, se os valores alcançados já demonstrarem hiperlipidemia, significa que o paciente apresenta na verdade, uma hiperlipidemia acentuada. Se os valores forem os de referência, no entanto, pode a rigor, estar ocorrendo uma noção equivocada, já que os valores lipídicos estão normalmente reduzidos após as primeiras 24h do IAM. Nesse caso, recomenda-se repetir a dosagem dos lípides sangüíneos depois de dois meses.
E) Levar em consideração que após qualquer doença ou cirurgia em geral, o perfil lipídico do paciente poderá estar temporariamente comprometido. Recomenda-se, portanto, aguardar pelo menos oito semanas para a determinação dos lípides sangüíneos, pois antes desse período de carência, os resultados podem não refletir o perfil lipídico de base do paciente.
F) Durante a gestação e até o 3º mês do puerpério, os valores lipídicos normalmente se mantêm aumentados. Desse modo, recomenda-se a dosagem dos lípides sangüíneos, de preferência, a partir de três meses após o parto.
G) Nenhuma atividade física vigorosa deve ser realizada nas 24h que antecedem o exame.
H) Realizar jejum prévio de 12h a 14h; se necessário pode-se ingerir água e medicamentos que não possam ser interrompidos. É importante que o médico valorize a solicitação do exame laboratorial, insistindo inclusive por escrito na necessidade do jejum de 12h a 14h para a determinação do perfil lipídico.
I) Realizar as dosagens seriadas sempre que possível no mesmo laboratório para tentar minimizar o efeito da variabilidade analítica.
J) Evitar a ingestão de álcool nas 72h que antecederem a coleta do sangue. Quando isso não ocorrer, considerar as sabidas interferências das bebidas alcoólicas nos lípides sangüíneos, sobretudo em relação aos TG.
 



FONTE: III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia.


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Traindo a verdadeira "Curva Glicêmica"

O padrão alimentício, o sedentarismo e o estresse atual, na maior parte do mundo globalizado, está levando o Diabetes Mellitus tipo 2 a se tornar uma epidemia global. Sendo assim, é de fundamental importância a realização do Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG), ou também chamado de Curva Glicêmica, naqueles que suspeitam de portarem a doença. 
O exame para detectar a glicose sanguínea é feito com o paciente em jejum e após ser submetido a uma sobrecarga de glicose, que consiste na administração de 75 g de glicose - em solução aquosa a 25% - por via oral, seguida de coletas seriadas de sangue, nos tempos 0 e 120 minutos, para a dosagem de glicose. Em crianças, administra-se 1,75 g/kg de peso corporal até a dose máxima de 75 g.
No entanto, algumas precauções devem ser tomadas antes e durante o submetimento ao teste da curva glicêmica. 3 dias antes da realização deste, o paciente deve ingerir, ao menos, 150 g de carboidratos por dia; deve evitar medicamentos que interfiram no metabolismo de carboidratos; deve continuar exercendo suas atividades físicas habituais; durante exame, o paciente deve manter-se em repouso e sem fumar; deve evitar bebidas alcoólicas dias antes do teste; não tomar laxantes e, caso tenha diarréias, adiar o exame; e deve estar em jejum a, pelo menos, 8 horas.
Caso uma ou mais precauções sejam rompidas ou feitas inadequadamente, o paciente poderá estar, conscientemente, ou não, traindo o exame.
Por exemplo, caso o paciente não esteja em regime misto, anteriormente à prova.  A alimentação preponderante de gorduras, em menor grau de proteínas e, também, o jejum muito longo (mais do que o estabelecido), diminuem a tolerância do indivíduo para os hidratos do carbono, fornecendo curvas elevadas. Assim, o exame não poderá ser considerado válido.
Vale relatar também casos de pessoas diabéticas de vida sedentária que ao aproximar-se da data ou horário de fazer a prova da curva glicêmica, exercitam-se. Levando-se em consideração que exercícios físicos ajudam o corpo a responder à insulina presente, a transportar de modo mais eficaz a glicose sanguínea para dentro das células, e ocasionam diminuição nos níveis de glicose no sangue durante e por até 48 horas após a atividade; Pode-se dizer que o exame dessas pessoas apresentará uma "falsa melhora" tendo em vista que o exercício não é frequente ,ou seja, a curva glicêmica melhorada também não é.
Outra precaução valiosa está no fato de fumar durante o exame. Ao fumar, o paciente aumenta o nível de açúcar em seu sangue, ou seja, sua glicose pode aumentar de forma bastante dramática. Assim, durante o teste da curva glicêmica, o ato de fumar pode exercer grande influência no resultado final.
Portanto, enganar os exames de glicose pode até não ser tão dificil assim,Porém, deve-se sempre ter em mente que o primeiro a estar sendo enganado não é o médico, não é sua família, mas você mesmo.